terça-feira, 1 de novembro de 2011

Desvalorização da antiga Linha Centro em Arcoverde

 No último Domingo, 30 de Outubro, o Projeto Memória Ferroviária de Pernambuco em passagem por Arcoverde constatou mais um ato contra o patrimônio ferroviário de Pernambuco. Como se já não bastasse o asfalto ter coberto os trilhos em vários trechos, uma obra realizada pela prefeitura local numa das principais vias de acesso da cidade fez com que os antigos trilhos fossem em boa parte retorcidos e alguns foram até cortados. Estes trilhos foram colocados ali por volta do ano 1911, pela antiga Great Western e foram fundamentais para o desenvolvimento da cidade. 
  Enfim, é triste ver algo que em outro momento foi tão importante para a população, não só de Arcoverde, ser desprezado dessa forma. Claro que isso não ocorre só nesta cidade. Infelizmente, não há intervenção dos órgãos públicos contra isso e a história de nossas ferrovias vai sendo corrompida cada vez mais.
  Veja abaixo as fotos tiradas pelo MFPE.


Trilhos na entrada de Arcoverde. (Fotos: Arquivo pessoal - Outubro de 2011).

Pode notar-se a terra sendo retirada debaixo da linha. (Foto: Arquivo pessoal - Outubro de 2011).

Trilhos retorcidos num dos principais acessos da cidade de Arcoverde. (Foto: Arquivo pessoal - Outubro de 2011).

Nesta foto os trilhos, juntamente com os dormentes, foram praticamente soltos. (Foto: Arquivo pessoal - Outubro de 2011).

Os trilhos distorcidos (Sentido Arcoverde-Recife). (Foto: Arquivo pessoal - Outubro de 2011).

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

MFPE visita exposição da APEFE na estação Central

  No último dia 1º de Outubro, o Projeto Memória Ferroviária de Pernambuco foi conferir na Estação Central o trabalho exposto pela Associação Pernambucana de Ferreomodelismo (APEFE). Lá havia uma bela réplica da maquete da Associação, bastante detalhada e com um certo realismo. Também haviam pequenas composições na escala HO, fotos antigas de locomotivas antigas de outros países e vários lugares do Brasil , inclusive Pernambuco. Haviam dois banners: um trazia para o público um pouco da história do ferreomodelismo, o outro um resumo da história ferroviária de Pernambuco, sendo este uma contribuição do MFPE à exposição da APEFE.  
  Quem quiser conferir de perto o trabalho da APEFE, basta ir até sua sede que fica localizada à Rua Ana Aurora, Areias, Recife-PE – dentro do antigo pátio de manutenções de Edgard Werneck, próxima a estação Werneck do metrô.
  Veja as fotos do evento.
Réplica da maquete da APEFE. (Foto: Arquivo pessoal - Outubro de 2011).

Miniaturas da APEFE. (Foto: Arquivo pessoal - Outubro de 2011).

Réplica artesanal da estação de Pesqueira. (Foto: Arquivo pessoal - Outubro de 2011).

Banners na exposição. (Foto: Arquivo pessoal - Outubro de 2011).

(Foto: Arquivo pessoal - Outubro de 2011).



Parte da equipe da APEFE presente no evento. (Foto: Arquivo pessoal - Outubro de 2011).

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Vestígio dos caminhos de ferro do Recife

  O Projeto Memória Ferroviária de Pernambuco não podia deixar de lado os históricos bondes do Recife.
  Estes, que já foram o principal transporte urbano da cidade, circularam a partir do final do século XIX até o fim da década de 1950, substituídos pelos ônibus elétricos. Desses mais de 40 anos de história, ainda existem alguns vestígios pelas ruas da capital pernambucana. Além de muitos trilhos, existe, no bairro da Jaqueira, o que seria nossa última estação de bonde, a de Ponte D' Uchôa. A bela estação, foi construída em 1923, como consta em uma placa posta em uma de suas paredes.
  Vários anos se passaram e a estação continua firme e até bem preservada, guardando a memória dos trilhos urbanos do Recife.

A estação de Ponte D' Uchôa. (Fotos: Arquivo pessoal - 2009).



A placa que traz o ano da construção da estação. (Fotos: Arquivo pessoal - 2009).

Os velhos bancos ainda esperam pelos passageiros do bonde. (Fotos: Arquivo pessoal - 2009).

Uma reforma "a passos de tartaruga"

  A reforma da Estação Central do Recife é mais um exemplo do desinteresse dos governantes pelo patrimônio histórico do país. Há cerca de dois anos, esta bela construção que funcionava como porta de entrada para a estação Recife do Metrorec, encontra-se fechada ao acesso da população, isso por conta dos vagarosos trabalhos de reforma pelos quais está passando. Tal reforma visa a conservação do prédio para sediar o Centro Cultural do Banco do Brasil. Convém citar que também era lá onde funcionava o Museu do Trem que há anos está fechado, restando apenas as velhas máquinas expostas no saguão.
A estação Central (no detalhe), já em reformas. (Foto: Arquivo pessoal - Julho de 2010.

A estação antes do início das reformas. (Foto: Arquivo pessoal - 2010). 

  É um absurdo o modo como é tratada a história ferroviária de nosso estado. Com relação a Central do Recife, primeiro encontrava-se sem conservação e tratada de qualquer forma. Agora encontra-se em uma reforma "a passos de tartaruga".
  Nota-se que a estação já está com uma nova aparência, com sua pintura bastante nítida e retocada, janelas consertadas, etc. Porém, em alguns cantos já se pode perceber a pintura se destacando.
  Quando finalmente for entregue, o prédio já vai estar precisando ser reformado novamente.
  E assim segue a Estação Central, um cartão postal isolado por causa de uma lenta reforma.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

MFPE: Como tudo começou

  Eu (André Luiz) já me interessava desde pequeno pelos trens embora não tenha os alcançado em seu pleno funcionamento. Sempre gostei de ir à estação Central do Recife com meus pais para ver aquelas velhas locomotivas e ficava fascinado com tudo aquilo. Lembro quando na Integração de Jaboatão, no fim da década de 1990, vi o Trem do Forró enfeitado seguindo para Caruaru e esta foi uma das poucas vezes que pude ver um trem funcionando. Foi maravilhoso!
  Em 2006, tomei conhecimento de que em nosso estado ainda havia um trem antigo, o Trem do Cabo. Daí, pela primeira vez, pude andar de trem. Contudo, já havia muitas vezes utilizado o metrô.
  Os anos passaram e eu sempre mantive esse interesse pela ferrovia, principalmente, por sua história, até que em 2008, tomei conhecimento no site "Estações Ferroviárias do Brasil" de que Pernambuco tinha muitos quilômetros de ferrovia e estações, em resumo, muita história a ser conhecida. A partir daí, tive o desejo de conhecer essas muitas estações. 
  Eu e minha família decidimos começar pela estação de Moreno, por sua proximidade de Recife e pelo fácil acesso. Então, no dia 29 de Setembro de 2008 fizemos, na verdade, um ótimo passeio onde conhecemos a agradável cidade de Moreno e, o principal objetivo, a velha estação ferroviária. Esse foi o marco inicial do Projeto Memória Ferroviária de Pernambuco que foi mais tarde idealizado por completo, cujo objetivo é promover a preservação da história da ferrovia no estado.

Foto da estação de Moreno no dia 29 de Setembro de 2008, marco inicial do Projeto Memória Ferroviária de Pernambuco.

sábado, 10 de setembro de 2011

Episódio interessante em Palmares

  Retirada do livro " Antologia ferroviária do Nordeste" de Alcindo Souza, a breve história a seguir trata de um episódio curioso ocorrido em nossas ferrovias.
  " Este fato causou grande repercussão na cidade de Palmares em meados dos anos de 1940. Se lenda ou realidade, ainda não se chegou a uma conclusão, mas o povo acredita que o fato tenha mesmo ocorrido. Muito embora a composição do trem MS-2 já houvesse partido da estação de Palmares com destino a Recife, uma anciã, bem marcada pelo tempo, insistiu junto ao bilheteiro para que lhes vendesse uma passagem de 2ª classe para a capital pernambucana. A negativa do funcionário deveu-se à falta de outro trem naquele dia. A anciã, então, convicta que o trem MS-2 regressaria para apanhá-la, insistiu junto ao bilheteiro, até que a locomotiva da composição, não vencendo o aclive do quilômetro 119 ( a cerca de 6 quilômetros da estação), retornou a estação de Palmares. Desatrelada da composição, a locomotiva foi recolhida às oficinas para exame, não ficando constatado nenhum defeito. Tão logo, a velhinha subiu ao trem, a composição partiu sem mais contratempo. Ninguém até hoje soube explicar este fato tão curioso." 
A estação de Palmares. (Foto: Arquivo pessoal - Janeiro de 2010).

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Estação Ferroviária de Bezerros

  A 1º de Dezembro de 1895, era inagurada pela Estrada de Ferro Central de Pernambuco a estação ferroviária de Bezerros. Nesta mesma data foram inauguradas as estações seguintes de Gonçalves Ferreira, Caruaru e São Caetano.
  A referida estação, possuía duas plataformas e pátio amplo. Seu prédio é muito grande, conjugado aos armazéns, o que dá a ideia de que a estação era bastante importante para a localidade. Realmente, a ferrovia trouxe grandes benefícios a Bezerros.
  Na década de 1980, a estação foi desativada. Durante anos permaneceu fechada. Segundo Robeval Lima, artesão local, famoso pela confecção dos Papangus que caracterizam o Carnaval local: "A estação estava esquecida, até quase foi incendiada (...)" O mesmo Robeval foi um dos responsáveis pela iniciativa de revitalização da estação e a transformação da mesma num ponto turístico da cidade.
  O Projeto Memória Ferroviária de Pernambuco esteve lá em 2008. A atual "Estação da Cultura" abriga centro de informações turísticas; museu da cidade, com um surpreendente acervo e também há uma parte destinada ao acervo cultural. Pelo que vimos, a estação estava num ótimo nível de conservação. 
  Em uma de suas plataformas está um velho vagão de madeira onde podem ser compradas lembranças da cidade. O mesmo veio de Recife e foi recuperado, sendo preservadas as suas características originais.
A bela fachada da estação de Bezerros. (Foto: Arquivo pessoal - 2008).

Pátio da estação. No canto esquerdo da foto pode-se ver o início da plataforma secundária. (Foto: Arquivo pessoal - 2008


A plataforma principal da estação de Bezerros. (Foto: Arquivo pessoal - 2008).

O vagão de madeira estacionado no pátio da estação. (Foto: Arquivo pessoal -2008).


A estação de um outro ângulo. (Foto: Arquivo pessoal - 2008).
  A centenária estação de Bezerros é um exemplo do que poderia ser feito com as muitas estações que existem pelo estado.  
   

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

O trem na terra de Lampião

  Em 1957, era inaugurada a estação ferroviária de Serra Talhada, cidade natal do rei do Cangaço. Nessa época a ferrovia ainda era valorizada de uma certa forma em nosso estado, embora já estando sob certa decadência.
  A chegada do trem à Serra Talhada, como foi para centenas de outras cidades, significou um grande progresso no sistema de transportes, uma vez que era a melhor ligação com a capital, tanto para o transporte de passageiros como para cargas. À essa época estavam ocorrendo outros importantes acontecimentos da história ferroviária de Pernambuco como a consolidação da R.F.F.S.A. e a aquisição das locomotivas ALCO para o sistema.
   Seu Artur Rocha (avô do autor), 78 anos, relembra o passado da estação de Serra Talhada: " Muitas vezes os trens passavam horas e horas lá na estação de "Serra" para embarcar ou desembarcar gado." Ele relembrou também a plataforma da mesma lotada nos momentos em que chegavam e partiam as composições de passageiros. 
  Hoje a referida estação encontra-se preservada. Fica às margens da BR-232, próxima ao centro da cidade. Está bem preservada e funciona como uma espécie de Centro Cultural.
  Há tempos, trens não cruzam a plataforma da estação de Serra Talhada. A nova Transnordestina não passará pelo antigo trecho, apesar de cortar a cidade. No seu grande  pátio os vários desvios guardam as lembranças do que um dia foi o principal transporte local.
A estação ferroviária de Serra Talhada. (Foto: Arquivo pessoal - Janeiro de 2009).

A estação a partir de um outro ângulo. Ao fundo pode-se ver o viaduto da BR-232 sobre a ferrovia. (Foto: Arquivo pessoal - Janeiro de 2009).

O antigo armazém e uma garagem para auto de linha. (Foto: Arquivo pessoal - Janeiro de 2009).

A estação, uma nova construção e a velha caixa d'água. (Foto: Arquivo pessoal - Janeiro de 2009).

Pátio da estação ferroviária de Serra Talhada. (Foto: Arquivo pessoal - Janeiro de 2009).

Vista do pátio da estação de Serra Talhada, sentido Recife. (Foto: Arquivo pessoal - Janeiro de 2009).

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Visita a Aliança e Timbaúba (Parte 2)

  A outra estação visitada pelo MFPE no dia 18 de Julho de 2011 foi Timbaúba. Como constatamos em nossa visita, o pátio da estação é bem amplo, com três linhas e vários itens, demonstrando o quanto essa estação era importante. A mesma foi inaugurada no ano de 1888 e ficou como ponta de linha desta ferrovia até o ano de 1900 quando foi inaugurada a estação de Rosa e Silva (a última em território pernambucano) que permitiu a ligação com a Paraíba.
  Há anos trens de passageiros já não passam em Timbaúba, apenas os raros cargueiros da Transnordestina Logística.
Sinaleira próximo ao início da plataforma de passageiros de Timbaúba. (Foto: Arquivo pessoal - Julho de 2011).

Vista do pátio de Timbaúba. (Foto: Arquivo pessoal - Julho de 2011).

Velha caixa d'água da estação, dos tempos da Great Western. (Foto: Arquivo pessoal - Julho de 2011).

A estação de Timbaúba. 9Foto: Arquivo pessoal - Julho de 2011).

A estação também possui uma plataforma central. Na foto ela está do lado esquerdo, coberta pelo mato. (Foto: Arquivo pessoal - Julho de 2011).


Essa plataforma ao fundo, fica sobre os trilhos da terceira linha do pátio. Ao que me parece, servia para carregar os vagões de carga, que ficavam embaixo e os caminhões, de cima, deixavam suas cargas. Na foto abaixo, pode-se notar as aberturas no piso dessa plataforma. (Fotos: Arquivo pessoal: Julho de 2011).

A casa do chefe. (Foto: Arquivo pessoal: Julho de 2011).
  Haviam desvios que partiam da linha alguns metros após o pátio, circulava a casa do chefe dando acesso a algumas casas da ferrovia (como garagem para autos de linha) e retornava a linha já pátio.
Nesta foto, o desvio (de baixo para cima), saindo da linha. Do lado esquerdo está o muro da casa do agente, à direita uma praça. Como pode-se notar nos pequenos desvios em direção a praça, a mesma foi construída no local onde haviam casas de apoio da ferrovia. (Foto: Arquivo pessoal - Julho de 2011).

De outro ângulo o desvio e uma garagem para autos de linha. (Foto: Arquivo pessoal - Julho de 2011).
   Abaixo, um esquema do pátio da estação de Timbaúba.
Arquivo pessoal - Julho de 2011.

   Felizmente, o prédio da estação está razoavelmente preservado. Como aqui só passam cargueiros, resta só a lembrança do saudoso trem de passageiros "Asa Branca" que rumava para a Paraíba.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Visita a Aliança e Timbaúba (Parte 1)

  Nesta segunda-feira (18 de Julho), aproveitando uma folga, fomos visitar as estações de Timbaúba, Aliança e Pureza na Linha Norte, situadas na Mata Norte. Das três estações só não visitamos Pureza pelo fato de o acesso a esta estar precário por conta das chuvas
 Em Aliança, logo avistamos a estação na entrada da cidade. O centro deste município é bem limpo e organizado, porém essas boas características não se refletem na antiga estação ferroviária. Esta, por sua vez, foi inaugurada pela Great Western em 1º de Janeiro de 1883. Serviu a tal cidade durante anos para embarque e desembarque de cargas e passageiros sendo desativada na década de 1980. Segundo Rodrigo Cabredo, em texto publicado no site Estações Ferroviárias do Brasil, em 2005, a já extinta Rede Ferroviária Federal pagava a um certo Seu José para que ele ficasse durante o dia cuidando da estação para mantê-la livre de invasores e o estado da estação nessa época estava razoável. Seis anos depois (2011), o MFPE foi até lá conferir essa estação que está bastante degradada, sem ninguém tomando conta.
A estação em 2005. (Foto: Rodrigo Cabredo - retirada do site Estações Ferroviárias do Brasil).

A estação em 2005. ( Foto: Rodrigo Cabredo - retirada do site Estações Ferroviárias do Brasil).
    O cenário onde se encontra a estação é bem calmo: canaviais, um rio passando logo abaixo, árvores. A estação se encontra arruinada, tanto o prédio principal como o armazém estão destelhados e tomados pelo mato. A caixa d'água que ainda pode-se ver numa das fotos acima já não existe mais. A linha é utilizada ainda pela Transnordestina Logística da qual nem um auto de linha vimos passar. 
  A estação, por ficar bem na entrada da cidade de Aliança poderia ser um ponto turístico, mas infelizmente encontra-se arruinada. É mais história sendo jogada fora.
  Veja agora as fotos que tiramos para comparar com as de seis anos atrás.
A estação em Julho de 2011, arruinada. A caixa d'água já não se vê ao fundo. (Foto: Arquivo pessoal - Julho de 2011).

O velho armazém tomado pelo mato. (Foto: Arquivo pessoal - Julho de 2011).

Área de embarque com sua cobertura retirada. (Foto: Arquivo pessoal - Julho de 2011).

A saída do desvio foi o que restou da antiga caixa d'água. (Foto: Arquivo pessoal - Julho de 2011).

A estação de um outro ângulo, sentido Recife. (Foto: Arquivo pessoal - Julho de 2011).

O dístico da estação ainda resiste a ação do tempo, ainda com o símbolo da velha R.F.F.S.A. (Foto: Arquivo pessoal - Julho de 2011).

O pátio da estação tomado pelo mato. Acredite, essa linha é operacional. (Foto: Arquivo pessoal - Julho de 2011).

A estação vista da escada de acesso à cidade. (Foto: Arquivo pessoal - Julho de 2011).